Dr. Pedro Lucas Dulci (UFG)
Me. Pedro Alcantara (PUC Goiás)
O método fenomenológico proposto por Edmund Husserl constitui uma abordagem rigorosa e inovadora para o estudo das experiências humanas, com particular ênfase na vivência subjetiva e na descrição de fenômenos tal como se apresentam à consciência. A fenomenologia, ao se concentrar na essência dos fenômenos, busca uma apreensão direta e não filtrada da experiência, suspendendo as crenças prévias e assumindo uma atitude de “redução fenomenológica”. Esta metodologia é de grande relevância para as Ciências da Religião, pois oferece uma ferramenta potente para investigar as experiências religiosas de maneira imersiva e profunda, sem as limitações impostas por interpretações externas ou doutrinárias. No caso específico da experiência religiosa da criança, a fenomenologia oferece um meio de explorar como a religião é vivida em seus primeiros anos de vida, um período em que a subjetividade religiosa se forma e se expressa de maneira única. A criança, em sua condição de ser em formação, possui uma relação com o sagrado e o transcendente que não é filtrada por construções intelectuais complexas, mas está imersa em um mundo de significados imediatos, sensíveis e intuitivos. A fenomenologia permite que o pesquisador observe como a criança atribui sentido à religião, sem impor interpretações rígidas sobre o que deveria ser a experiência religiosa infantil. Assim, a proposta de utilizar a fenomenologia como método nas Ciências da Religião abre um campo fértil para a compreensão da religião como experiência vivida e percebida diretamente pelo sujeito, especialmente no caso da infância, onde as manifestações religiosas podem estar mais relacionadas a experiências sensoriais e emocionais do que a raciocínios lógicos ou doutrinários. Ao investigar as religiões a partir dessa perspectiva fenomenológica, possibilita-se uma apreensão mais autêntica e genuína das experiências religiosas na infância.