Neste minicurso, propomos analisar as concepções e interpretações sobre o morrer e as ideias sobre a "boa morte" na Idade Média, dentro de uma história de longa duração. Consideramos esse processo iniciado durante a sedentarização do homem e desenvolvido em diferentes ritmos na Antiguidade, consolidando-se no período medieval em uma "morte cristianizada". Essa morte era administrada institucionalmente pelo Clero, mas suas práticas e representações mostravam rupturas e continuidades com as concepções antigas, dialogando com a tese da "morte domada" defendida pelo medievalista francês Philippe Ariès. Portanto, abordaremos as transformações socioculturais das relações do homem com o morrer no Ocidente Medieval a partir do diálogo entre historiografia, antropologia e sociologia. Para isso, partimos dos estudos historiográficos de Philippe Ariès, Michel Lauwers e Jacques Le Goff, da sociologia do morrer de Allan Kellehear e Norbert Elias, além das perspectivas da antropologia medieval levantadas por Jean-Claude Schmitt e José Mattoso